No Campus com Helder Coelho

Como pensamos?

Helder Coelho

“O meu destino já não é um lugar, mas sim uma nova forma de ver.”
Marcel Proust

Recentemente, dois estudos sobre como pensamos, um do Instituto Max Planck (para a História da Ciência, Alemanha) e outro da Escola de Medicina de Harvard (EUA), de maio de 2017 (revista NeuroImage, de Elinor Amit e Evelina Fedorenko), clarificaram as diferenças que nós temos quando refletimos sobre alguma matéria, fazemos coisas, ou emulamos a realidade. Basicamente, existem dois modos, um que recorre às imagens (visual) e outro que adota as palavras (verbal). O primeiro é muito mais antigo, está instalado no cérebro desde o nosso nascimento e evoluiu ao longo do tempo, e o segundo, mais moderno, intromete-se amiúde com o primeiro.

Diz-se que um artista (por exemplo, um pintor) costuma conceber com imagens, mas Einstein (veja-se a série "Genius" de dez episódios, para a Televisão por Cabo, do canal National Geographic, lançada em 2017), imaginava e via as suas ideias que intuía sobre a Física. Diz-se que recorremos às imagens quando referimos coisas que estão muito perto de nós (aqui e agora, temporalmente, socialmente, ou geograficamente) e às palavras (discurso interior, abstração) quando as coisas (lugares, tempos, outras pessoas) estão longe de nós.

Os nossos cérebros, que estão envolvidos com o movimento, a intencionalidade, e a previsão, têm muitas coisas já lá metidas (inatas) e a razão é evolucionária, porque nunca fomos sempre falantes, com palavras (a linguagem veio depois). Durante muito tempo, entendemos o mundo de modo visual, e comunicávamos com desenhos (vejam-se as grutas de Foz Coa ou de Altamira).

A inteligência espacial é a capacidade de pensar visualmente, em termos de formas, observando os objetos de ângulos diferentes e o espaço, reconhecendo cenas ou tomando mesmo nota de detalhes pequenos. Frequentemente resolvemos problemas espaciais de navegação (andar na cidade), julgamos o que nos rodeia, enfrentamos quebra-cabeças e vemos recorrendo aos nossos olhos.

Einstein, numa conversa com Jacques Hadamard, sobre o seu modo de anotar os problemas, com imagens, achava que as palavras não eram, para si, tão importantes. As intuições seguiam sinais, e as imagens podiam ser manipuladas e combinadas. Mais tarde, clarificava essas imagens com equações matemáticas (no filme “O Homem que Viu o Infinito”, o matemático indiano Srinivasa Ramanujan (1887-1920), traduzia muitas das suas ideias por fórmulas).

Bachelard dizia que o espaço chamava a ação, e antes desta a imaginação trabalhava. O mundo dos nossos dias é povoado e entendido por imagens, e uma das explicações é a predominância da televisão (cinema, vídeo) sobre a rádio. Diz-se que o tempo muda as pessoas, embora não altere as imagens que guardamos delas.

Por exemplo, examinemos as imagens de um espaço como uma casa. E, que acontecerá em seguida se começarmos a pensar com essas imagens? Eventualmente, imaginaremos muitas outras, e faremos ligações e relações. E, se agora quisermos organizar o espaço global, com a ajuda de outros desenhos? Passamos da arquitetura daquela casa para os modos de a inserir numa rua, e depois num bairro. Este exercício chama-se urbanização, e muitas cidades não se desenvolveram nem com planos, nem seguindo estratégias de povoamento. Algumas causas são a desatenção das autarquias, a falta de leis e regulamentos, ou mesmo a ganância, a usura. A consequência são “bairros de lata”, falta de estradas, casas encavalitadas umas nas outras, um caos no trânsito (engarrafamentos), que nos faz fugir desses sítios.

Um arquiteto, um urbanista, imaginam espaços, e organizam com inteligência formas para se articularem, se ligarem, e sem confusão. Estabelecem diálogos, sobre a intimidade, dialéticas do grande e do pequeno, do interior e do exterior, do aberto e do fechado, ou mesmo da poética do espaço.

Se por acaso, necessitamos de preparar uma apresentação oral (sobre o nosso trabalho) começamos por pensar com palavras (discurso interior) e as imagens vão entrar, sem que façamos qualquer esforço, para ajudar a tornar aquela conversa mais fluida. Ora, tudo isto se passa em várias áreas do cérebro (córtex visual, córtex sensorial, lobo parietal, córtex pré-frontal e córtex cingulado) capazes de se relacionarem entre si.

Wittgenstein, contemporâneo de Turing, deixou muitas notas (em fichas) sobre o que significa pensar (atividade mental), compreender e expressar, e os seus exercícios sobre os jogos de linguagem. Estes apontamentos permitem-nos entender hoje as dificuldades em compreender e pensar, e ainda como aprendemos a compreender.

Referências
Bachelard, G., La Poétique de l´Espace, PUF, 2015
Wittgenstein, L., Fichas (Zettel), Edições 70, 1989

Helder Coelho, professor do Departamento de Informática de Ciências
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt
Foto de entrega de prémio aos vencedores

No âmbito do projeto Invasives e como atividade inserida na

Dia Nacional dos Cientistas - 16 de maio

O Dia Nacional dos Cientistas foi instituído em 2016 por Resolução da Assembleia da República com o objetivo de reconhecer e celebrar a contribuição vital dos cientistas para o progresso da sociedade.

CIÊNCIAS e OKEANOS em parceria para monitorizar biodiversidade e alterações dos ecossistemas marinhos

O projeto foca-se em seis espécies que nidificam no Atlântico Norte, cuja ecologia e até a taxonomia são muito pouco conhecidas, por serem muito difíceis de estudar: estas aves são exclusivamente noturnas em terra, não pesam mais que 50 gramas e nidificam em pequenas cavidades em rochas ou solo.

Reitoria da ULisboa

O CWUR 2024 avaliou de entre 20.966 instituições de ensino superior e atribuiu à ULisboa o 211.º lugar (top 1.1%) e a 80.ª posição no panorama europeu.

Fotografia de participantes na Training School

Realizou-se em Portugal, mais precisamente em CIÊNCIAS, no CE3C, de a 6 a 9 de maio a training school

Participantes no Dia Aberto

O campus ganhou vida, cor e energia proveniente do entusiasmo dos cerca de 2000 alunos de 170 escolas de norte a sul do País.

CIÊNCIAS esteve presente nesta edição, com a participação dos docentes do Departamento de Física: Alexandre Cabral, no painel de abertura “À conversa sobre carreiras espaciais” e

Semana Internacional da Compostagem

Uma das transformações necessárias às entidades que querem progredir pelo caminho da sustentabilidade é fecharem os seus ciclos de materiais, nomeadamente o orgânico.

A VicenTuna - Tuna da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa - completou 30 anos em janeiro de 2024. Para comemorar, realizou no dia 30 de abril de 2024, a Festa da Primavera, um espetáculo de música e divertimento dedicado à comunidade de CIÊNCIAS e ao público em geral.

Celebrações dos 50 anos do 25 de abril de 1974 da Academia das Ciências de Lisboa

A 9 de maio realiza-se a segunda de duas jornadas de debate académico e científico organizadas pela Academia das Ciências de Lisboa, que tem por objetivo ‘analisar e discutir a evolução do panorama científico português de forma prospetiv

Lançamento do projeto Barrocal-Cave marca um novo capítulo na Conservação da Biodiversidade em Portugal

O prestigiado Palácio Gama Lobo foi o cenário escolhido para o lançamento do projeto Barrocal-Cave, financiado pelo Prémio Fundação Belmiro de Azevedo 2023.

No passado dia 10 de abril, tivemos a honra de receber um grupo de estudantes e dois professores da Universidade de Leiden, na Holanda. Com um total de 40 estudantes, todos da área das bio farmacêuticas, a visita prometia ser entusiástica.

Miguel Pinto

No dia 29 de abril, Miguel Pinto visitou a Escola Básica Professora Aida Vieira, no Bairro Padre Cruz em Lisboa, para realizar oficinas de divulgação científica e atividades didáticas.

Fotografia de alguns dos oradores

O que é a sustentabilidade? Como podemos agir a nível local, procurando um impacto global? Estas e muitas outras questões marcaram a segunda edição da Semana da Sustentabilidade CIÊNCIAS, entre 15 e 19 de abril de 2024.

Grande Auditório durante a celebração do 113.º aniversário de CIÊNCIAS

Mais de 500 pessoas assistiram no Grande Auditório à celebração do 113.º aniversário de CIÊNCIAS, na passada terça-feira, 23 de abril, numa cerimónia marcada por distinções, homenagens e um balanço dos últimos meses, com os olhos postos no futuro. 

Buracos negros Gaia

Um grupo de cientistas descobriu um grande buraco negro, com uma massa quase 33 vezes superior à massa do Sol, escondido na constelação de Aquila, a menos de 2000 anos-luz da Terra, ao analisar a grande quantidade de dados da missão Gaia da ESA.

Alunos com mãoes no ar num sala de aula

É possível brincar com a Matemática e prova disso foram as várias atividades que se realizaram na Faculdade nos dias 13 e 14 de março de 2024. Março foi um mês dedicado a esta ciência, motor da sociedade. Leia a opinião de quem participou nestas atividades e ainda nas Jornadas de Matemática.

robot e criança

Ecossistema de grandes modelos de linguagem de IA Generativa para a língua portuguesa foi expandido com novas versões dos modelos Albertina e Gervásio.

Participantes da 1.ª edição do JAB

A 1ª edição do JAB, um evento inovador destinado a jovens empreendedores, organizado pela JUST - Júnior Iniciativa de Ciências ocorreu nos dias 22 e 23 de março passado e teve como foco a Educação de Qualidade, quarto Objetivo de Desenvolvimento Sustentável.

Pessoas

Uma comitiva da Shanghai Ocean University (SHOU), cuja origem remonta à Escola de Pesca da Província de Jiangsu, fundada em 1912, visitou Ciências ULisboa no passado dia 25 de março. Wang Hongzhou, presidente do Conselho da universidade chinesa, elogiou o avanço da investigação realizada na Ciências ULisboa, destacando as boas práticas de gestão, interdisciplinaridade e foco na missão. Durante a ocasião, Luís Carriço, diretor da Ciências ULisboa, reconheceu a importância das relações bilaterais com a China.

Alunos dinarmarqueses junto à tabela periódica

Um grupo de 25 estudantes do ensino secundário do Egedal Gymnasium & HF, da Dinamarca, visitou a Ciências ULisboa no passado dia 21 de março.

Sala com pessoas

A “Sessão de demonstração do serviço CONNECT – Caso de uso #1, Estuário do Tejo” ocorreu no passado dia 13 de março.

Várias pessoas no stand da Fcauldade Futurália

Como já vem sendo tradição, a Ciências ULisboa esteve presente na 15.ª edição da Futurália, a maior feira de educação, formação e empregabilidade do país, que se realizou entre 20 e 23 de março, na FIL - Feira Internacional de Lisboa e que juntou muitos visitantes, especialmente candidatos ao ensino superior. A Direção da Ciências ULisboa agradece aos mais de 200 estudantes voluntários e aos cerca de 70 professores, investigadores, entre outros profissionais que se vestiram de azul para esclarecerem as dúvidas dos candidatos ao ensino superior, lançando ainda o convite para visitarem a Faculdade no próximo Dia Aberto, que se realiza no próximo dia 8 de maio e cujas inscrições podem ser feitas aqui. Até lá!

Páginas